terça-feira, 23 de abril de 2013

4. Jornais carnavalescos na Bahia. A mídia do deboche e dos negócios.

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

REFERÊNCIA:
http://www.ibahia.com/a/blogs/memoriasdabahia/2013/02/07/carnaval-da-bahia-os-jornais-carnavalescos-a-midia-do-deboche-e-dos-negocios/


SOBRE O AUTOR DO BLOG IN BAHIA.


Sobre o Autor

Nelson Cadena é jornalista e escritor. Pesquisador das áreas de comunicação e história da Bahia há mais de 30 anos. Escreve para o Jornal Propmark, Revista Propaganda, Jornal Correio, Revista Imprensa e no site do Sinapro-Bahia. Idealizador e editor do maior site de pesquisa sobre comunicação do Brasil (www.almanaquedacomunicacao.com.br). Autor dos livros: Brasil. 100 Anos de Propaganda; e 450 Anos de Propaganda na Bahia.



Jornais carnavalescos na Bahia. A mídia do deboche e dos negócios.

No terceiro ano do carnaval baiano oficial estreou um gênero de jornalismo inédito, a mídia com foco exclusivo, monotemática da festa de Momo, com a publicação de A Carapuça, órgão do Clube Fantoches de Euterpe. Circulou em 7 de março de 1886 com a divisa latina “Nos quoque gens sumus” que em bom português significa “somos também uma nação”. Na mesma data era distribuído também O Petalógico, jornal carnavalesco do Clube dos Petas, título que no ano seguinte (87) mudou para O Aymore;publicação efêmera, característica deste gênero de imprensa, até na denominação.
É que os  jornais carnavalescos eram impressos com o único objetivo de divertir os foliões, circulavam apenas entre os associados, tinham um perfil mais provocador e crítico de costumes do que informativo. E conforme destacava no seu cabeçalho O Gondoleiro (1889) órgão do recém criado clube Cavaleiros de Veneza: “numero sozinho”, definindo claramente o propósito de edição única sem o compromisso de continuidade.
Vários títulos surgiram no século XIX e inícios do século XX, além dos já citados, com o mesmo perfil: Gazeta do Carnaval (87); Revista Carnavalesca (88); O Cruz Vermelha (88); Revista Informal (88) publicação do clube carnavalesco Filhos do Diabo; O Coração dos Críticos (90) do clube Críticos Independentes; O Annuncio (96); Alvorada Carnavalesca (97 a 00); O Elétrico (98); O Reclamo (1901); O Carnaval (05 e o6); O Bombardeio (08); O Filhote (08); Fantoches (10) e O Aristolino (10), dentre outros.
O Annuncio (1896) parece ter sinalizado um novo conteúdo editorial para a mídia carnavalesca; o nome específica que o seu objetivo maior era divulgar reclames. E daí por diante as publicações do gênero veiculam anúncios de lojas da Rua Chile e Baixa dos Sapateiros sugerindo fantasias, máscaras, adereços, lança-perfumes, serpentinas, cheiros, artigos importados para homens e mulheres ostentarem nos refinados bailes dos clubes.
O conteúdo editorial continua a ter na crítica de costumes o seu perfil por excelência, junto com poesias temáticas, charadas, brincadeiras, piadas de salão e outras nem tanto e até epigramas, um gênero satírico em alta naquele tempo. Os jornais e revistas tornam-se autosustentáveis, a publicidade garante a produção e o lucro e algumas lojas aventuram-se a criar seus próprios jornais carnavalescos, a exemplo de A Despensa Vantajosa que lança A Fama. Ou mesmo, O Aristolino que era a marca de um sabonete, um dos grandes anunciantes da época e que pelo visto patrocinava o bloco do mesmo nome.
A mídia momesca prospera a partir da década de 30 e se multiplica com inúmeras publicações, em outros formatos, a exemplo da Revista Carnavalesca (56) que divulgava o Carnaval e os reclamos alusivos à festa, mas no ensejo e na oportunidade, também veiculava anúncios de volta as aulas, das Confeções J, na capa da publicação.
Os jornais e revistas de Carnaval perdem espaço quando os jornais diários descobrem o filão publicitário e alguns passam a editar páginas e cadernos específicos. Com a concorrência desaparecem as publicações independentes, mas alguns grandes blocos retomam o espírito original das publicações de final do século XIX. É o caso do bloco Os Internacionais que em 1978 lança a sua revista; então vivia o seu melhor momento, referência do Carnaval da Bahia em toda a mídia nacional, incluindo o cinema após as gravações de Dona Flor e seus Dois Maridos com integrantes do bloco como protagonistas.

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