terça-feira, 23 de abril de 2013

5. NAS CINCO PRIMEIRAS DÉCADAS DO SÉCULO XX, OS CARNAVAIS DA BAHIA NÃO USAVAM O LANCE PERFUME COMO NARCÓTICO.

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

REFERÊNCIA:
http://www.ibahia.com/a/blogs/memoriasdabahia/2013/02/08/o-cheirinho-gostoso-do-lanca-perfume-no-carnaval-da-bahia/


O cheirinho gostoso do lança perfume no Carnaval da Bahia

Os baianos já curtiam um lança perfume no Carnaval, em inícios do século XX, mas não é nada do que você está pensando. Não passava pela cabeça de ninguém cheirar esse negócio. Lança perfume era um produto, então fabricado pela Rhodia, desodorizante com aroma semelhante ao L’Air dus Temps de Nina Ricci, produto fino para incrementar a paquera: jogava-se um cheirinho no cangote ou na orelha, assim meio distraído para disfarçar, mas nem tanto que deixasse passar desapercebida a intenção.
Os lança perfumes da Rhodia, chamados de Rodo, vinham embalados em vidro, em caixas contendo três unidades, e eram vendidos nos melhores magazines e armazéns da cidade. A propaganda caprichava nos apelos de venda estimulando o flertre como no anúncio do lança perfume Alice com o Pierró cortejando a Colombina publicado na revista Unica em Salvador.
Os lança perfumes da Bayer disputavam-lhe espaço nas vitrines das lojas e nas páginas de propaganda das revistas. As marcas nais conceituadas eram Rodó, Alice, Flirt, Rigoletto e a substância era cloreto de etila.
Um dia alguem resolveu cheirar o produto, os fabricantes acrecentaram-lhe eter aos poucos e então o governo por decreto de Jânio Quadros e pressão do apresentador de TV Flávio Cavalcanti, proibiu em 1961 o seu uso. O lança perfume entrou na clandestinidade, deixou de ser fabricado por marcas tradicionais e passou a ser produzido no fundo de quintal e no Paraguay. E o decreto é obvio proibiu também a propaganda.
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4. Jornais carnavalescos na Bahia. A mídia do deboche e dos negócios.

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

REFERÊNCIA:
http://www.ibahia.com/a/blogs/memoriasdabahia/2013/02/07/carnaval-da-bahia-os-jornais-carnavalescos-a-midia-do-deboche-e-dos-negocios/


SOBRE O AUTOR DO BLOG IN BAHIA.


Sobre o Autor

Nelson Cadena é jornalista e escritor. Pesquisador das áreas de comunicação e história da Bahia há mais de 30 anos. Escreve para o Jornal Propmark, Revista Propaganda, Jornal Correio, Revista Imprensa e no site do Sinapro-Bahia. Idealizador e editor do maior site de pesquisa sobre comunicação do Brasil (www.almanaquedacomunicacao.com.br). Autor dos livros: Brasil. 100 Anos de Propaganda; e 450 Anos de Propaganda na Bahia.



Jornais carnavalescos na Bahia. A mídia do deboche e dos negócios.

No terceiro ano do carnaval baiano oficial estreou um gênero de jornalismo inédito, a mídia com foco exclusivo, monotemática da festa de Momo, com a publicação de A Carapuça, órgão do Clube Fantoches de Euterpe. Circulou em 7 de março de 1886 com a divisa latina “Nos quoque gens sumus” que em bom português significa “somos também uma nação”. Na mesma data era distribuído também O Petalógico, jornal carnavalesco do Clube dos Petas, título que no ano seguinte (87) mudou para O Aymore;publicação efêmera, característica deste gênero de imprensa, até na denominação.
É que os  jornais carnavalescos eram impressos com o único objetivo de divertir os foliões, circulavam apenas entre os associados, tinham um perfil mais provocador e crítico de costumes do que informativo. E conforme destacava no seu cabeçalho O Gondoleiro (1889) órgão do recém criado clube Cavaleiros de Veneza: “numero sozinho”, definindo claramente o propósito de edição única sem o compromisso de continuidade.
Vários títulos surgiram no século XIX e inícios do século XX, além dos já citados, com o mesmo perfil: Gazeta do Carnaval (87); Revista Carnavalesca (88); O Cruz Vermelha (88); Revista Informal (88) publicação do clube carnavalesco Filhos do Diabo; O Coração dos Críticos (90) do clube Críticos Independentes; O Annuncio (96); Alvorada Carnavalesca (97 a 00); O Elétrico (98); O Reclamo (1901); O Carnaval (05 e o6); O Bombardeio (08); O Filhote (08); Fantoches (10) e O Aristolino (10), dentre outros.
O Annuncio (1896) parece ter sinalizado um novo conteúdo editorial para a mídia carnavalesca; o nome específica que o seu objetivo maior era divulgar reclames. E daí por diante as publicações do gênero veiculam anúncios de lojas da Rua Chile e Baixa dos Sapateiros sugerindo fantasias, máscaras, adereços, lança-perfumes, serpentinas, cheiros, artigos importados para homens e mulheres ostentarem nos refinados bailes dos clubes.
O conteúdo editorial continua a ter na crítica de costumes o seu perfil por excelência, junto com poesias temáticas, charadas, brincadeiras, piadas de salão e outras nem tanto e até epigramas, um gênero satírico em alta naquele tempo. Os jornais e revistas tornam-se autosustentáveis, a publicidade garante a produção e o lucro e algumas lojas aventuram-se a criar seus próprios jornais carnavalescos, a exemplo de A Despensa Vantajosa que lança A Fama. Ou mesmo, O Aristolino que era a marca de um sabonete, um dos grandes anunciantes da época e que pelo visto patrocinava o bloco do mesmo nome.
A mídia momesca prospera a partir da década de 30 e se multiplica com inúmeras publicações, em outros formatos, a exemplo da Revista Carnavalesca (56) que divulgava o Carnaval e os reclamos alusivos à festa, mas no ensejo e na oportunidade, também veiculava anúncios de volta as aulas, das Confeções J, na capa da publicação.
Os jornais e revistas de Carnaval perdem espaço quando os jornais diários descobrem o filão publicitário e alguns passam a editar páginas e cadernos específicos. Com a concorrência desaparecem as publicações independentes, mas alguns grandes blocos retomam o espírito original das publicações de final do século XIX. É o caso do bloco Os Internacionais que em 1978 lança a sua revista; então vivia o seu melhor momento, referência do Carnaval da Bahia em toda a mídia nacional, incluindo o cinema após as gravações de Dona Flor e seus Dois Maridos com integrantes do bloco como protagonistas.

3. O CARNAVAL DA BAHIA ERA ASSIM. UMA HISTORINHA DOS BLOCOS DE RUA.

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

REFERÊNCIA:
http://www.ibahia.com/a/blogs/memoriasdabahia/2013/02/05/e-o-carnaval-da-bahia-era-assim-uma-historinha-dos-blocos-de-rua/



E o Carnaval da Bahia era assim. Uma historinha dos blocos de rua

Tudo começou com o Cruz Vermelha que desfilou pela primeira vez em 1884. O cortejo subiu a Ladeira da Montanha e adentrou pela Rua Chile, demarcando o território que durante mais de um século seria o espaço geográfico da alegria no Carnaval baiano. No ano seguinte desfilava o Fantoches da Euterpe e mais tarde o Clube dos Petas,Cavaleiros de VenezaFilhos do Diabo e Críticos Independentes. Clubes inspirados, alguns no Carnaval de Veneza com suas máscaras de gesso e sua temática épico-romana, outros já enveredando pela crítica de costumes e social com a sátira como referência gestual e musical.
Os afoxés surgem mais ou menos na clandestinidade, desfilando em outro percurso que não o tradicional, a essas alturas já oficial. Nascem Embaixada AfricanaOs Pândegos da África e em 1898 surge o Império da África na Rua Direita de Santo Antônio, nome sugerido pelo babalorixá Tio Batundê. O seu espaço geográfico era entre a Cruz do Pascoal, passando pelo Carmo, até a Rua da Ajuda, nada de ”invadir” a Rua Chile. Em 1902 os afoxés pedem licença ao governo para desfilar sem restrições. Pedido negado e muita polêmica sobre o assunto nos jornais.
No alvorecer do século XX surge o clube Inocentes em Progresso que escrachava os políticos e denunciava as mazelas do serviço público e um dia surpreendeu a cidade com o préstito carnavalesco “Ali Babá e os 40 ladrões”. Na década de 30 o espaço físico do Carnaval já se aproximava do Campo Grande e o samba de roda e o maxixe mandavam ver na avenida.
Blocos e batucadas dividem a preferência dos foliões, uns se confundem com os outros e então ouvem-se os tambores, chocalhos e agogôs de O Casquinha do Campo da Pólvora, o Bambá Sem Dendê da Saúde, ou então do Primeiro Nos do Pelourinho, Ora Bolas da galera do Cruz da Pascoal, A Voz  é UmaDeixa Falar, dentre outros e também As Convisessas, o cordão de travestidos com figurino de peruca, tamancos e leque.
foto de Pierre Verger
Na década de 30 e 40 as máscaras dominavam o ambiente, onde já se viam blocos, digamos independentes, desfilando em pranchas de bondes alugadas. Mas, a partir das 18 horas, por determinação da policia, os foliões não podiam usar fantasias que lhes encobrisse o rosto. Os foliões adquiriam lança perfumes nas lojas distribuidoras dos produtos da Bayer e da Rodhia e o cheiro era o abre-alas da paquera. E nos bairros são os serviços de auto-falante e as emissoras de rádio que promovem a folia.
Os afoxés se multiplicam e surgem Lordeza AfricanaAfricana de OuroCongo D’Àfrica, Otum Obá D’ÀfricaFilhas de Obá, Pai Burukô, este com boneco símbolo confecionado por Dioscoredes dos Santos, o Mestre Didi. E em 1949 nasce os Filhos de Ghandy. Os estivadores do porto de Salvador então desfilaram pelas ruas da cidade, como se observa na foto de Pierre Verger, ostentanto a fantasia de um lençol branco e torço de toalha felpuda, a contragosto das autoridades que espalharam o boato de que entre seus integrantes tinha militantes do partido comunista.
O bloco que promovia a paz a a concórdia e trazia para as ruas de Salvador o legado de resistência do líder hindu marcava um estilo percussivo que se tornaria uma de suas características marcantes. No início da década de 50 0 tradicional corso de carros conversíveis ganha um elemento novo. Numa fobica, um Ford 29, Osmar e Dodô desciam a Rua Chile amplificando o som de um pau elétrico fabricado pelo primeiro. Começava uma nova era do Carnaval de rua em Salvador.
As fotos que ilustram este post são na sequência: desfile de carro alegórico em 1936; prancha de bonde de 1917; Filhos de Ghandy em 1949; Rua Chile nos anos 40 e Mercadores de Bagdá em 1959.

2. CORSO NO CARNAVAL DA BAHIA, NA DÉCADA 1920.

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

REFERÊNCIA:


A febre dos automóveis entre as classes abastadas em inícios do século XX gerou um hábito peculiar no Carnaval: os chamados corsos ou desfiles motorizados, alguns programados outros espontâneos, onde as famílias exibiam seus veículos ricamente ornamentados e se divertiam...


A febre dos automóveis entre as classes abastadas em inícios do século XX gerou um hábito peculiar no Carnaval: os chamados corsos ou desfiles motorizados, alguns programados outros espontâneos, onde as famílias exibiam seus veículos ricamente ornamentados e se divertiam num contexto privilegiado de camarote, digamos assim, já que os demais foliões desfilavam a pé, ou em pranchas de bonde alugadas, estas com ocupação de 80 a 150 pessoas.
No Carnaval baiano três foliões se destacavam no quesito originalidade, disputando os flashes dos fotógrafos das revistas baianas. Os carros alegóricos da família de Teofilo Vasconcelos que na foto de 1916  aparece todo ornamentado com penas; o carro de Rafael Avena que com a sua família desfila pela Rua Chile e o carro de Henrique Lanat decorado com flores e dois magníficos relógios que não eram  decorativos, marcavam a hora de fato.
Os três foliões eram homens de negócios e Henrique Lanat  foi o primeiro baiano a adquirir um automóvel em Salvador. Era um Clément Panhard, fabricado na França, modelo 1899, que aportou na cidade em 1901 e ainda existe. Pode ser visto no Museu da Santa Casa da Misericórdia.
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